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sábado, 5 de setembro de 2009

Entrevista - Carlos de Andrade, o Piolho

Skataholic
Piolho

Em 2000, o curitibano Carlos de Andrade, o Piolho, foi o primeiro brasileiro à conquistar o título do circuito mundial de street skate profissional. Na época, o circuito era bastante disputado e as etapas eram espalhadas pelo mundo, com competições pelo Brasil, EUA e Europa. Agora, quase dez anos depois, ele faz o balanço das oportunidades que o título lhe trouxe.
No fim do mês Piolho embarca para China. Ele é um dos brasileiros convidados para o Asian X Games 2009, que começa dia 1° de maio em Shangai.

Você foi campeão mundial de skate em 2000. Na época, o que isso influenciou pra você?
Bom, fiquei até surpreso, porque consegui conquistar o circuito nesse ano. Porque eu nem fui nessa expectativa de ganhar, eu tava só participando porque na época meus patrocinadores me mandavam pra todos, e eu acabei ganhando. Eu fiquei super feliz, nunca imaginava conquistar um título assim, muito importante. Foi uma experiência ótima.

Naquela época, um título mundial tinha muito mais peso que hoje em dia.
Eu acho que é pelo fato de nenhum brasileiro, até então, ter conquistado um título desse. Eu acho que foi por causa disso. Eu considero o mesmo peso. Olho hoje em dia e vejo cada vez mais difícil até. Muita molecada nova, pros novos. Então hoje em dia eu vejo cada vez mais difícil de você conquistar um título.

Mas naquela época tinham muito mais nomes importantes dando valor pros campeonatos. Hoje, não são todos que estão indo correr, e as etapas válidas, não é só chegar e correr. Só para convidados.
Um monte de skatistas que participavam naquela época já não dão mais muito valor. Tipo, o (Eric) Koston, (Rick) McCrank. Você vê uns caras mais antigos raramente hoje em dia. E naquela época eles corriam os eventos. Mas hoje em dia, vou te falar que continua difícil pra caramba. Tem uma molecada nova, a nova geração, que tá mandando muito bem em campeonatos. Os caras que nem eram campeonateiros, como o Paul Rodriguez, tem o Lutzka, o Sheckler, então tá bem disputado.

Você conseguiu comprar casa nos EUA. O título mundial ajudou muito nisso?
Bom, o que me ajudou na minha condição financeira assim de eu ter comprado minha casa, comprar meu carro, ter minha casa nos EUA, foi mesmo a decisão que eu tomei de ir morar lá, que era uma época boa, mesmo na indústria americana tava bom. Foi bem antes dos atentados (do 11 de setembro) e tudo. Eu cheguei lá numa época boa, tava uma potência mesmo. E lógico, eu ganhando o título ajudou. Me ajudou mais aqui no Brasil do que fora, na época. Porque na época eu andava pra (marca) World Industries, pra Etnies. Tipo, os caras me deram parabéns, tudo, mas não era um negócio assim tipo, de receber bônus. Não ganhei mais dinheiro por causa disso. Acho que aqui no Brasil sim me ajudou bastante. Mas lá fora não me influenciou muito, não. Lógico que é sempre bom ter um título.

A indústria americana não dá tanta importância como aqui no Brasil?
Eu acho que aqui no Brasil pesa mais, com certeza. Se você consegue um título desse ajuda bastante pro nosso skate e pra você mesmo, né? Te divulga bem, as pessoas te olham diferente. “Ah, o cara já ganhou um circuito mundial.” Então, aqui no Brasil as pessoas olham com outro olhar. Lá nos EUA os caras, (dizem) “ah, beleza”. Os caras te dão parabéns tal, mas não é um negócio assim “nossa, o cara ganhou o circuito”. Aqui a galera dá mais valor. Que isso é bom pra gente, que corre campeonatos. Com certeza é bom.

Aqui no Brasil, fora campeonatos, como você acha que dá pra viver do skate?
Pelo que eu tô vendo aqui no Brasil hoje, eles tão tentando seguir mais ou menos a idéia dos caras lá na América. Bom, se você é um skatista que não gosta de correr campeonatos, ou não consegue, ou sei lá o que, você tem que optar por essas coisas que tão acontecendo agora, nesses eventos diferentes que acontecem, né? Como o Desafio de Rua, esse aí que teve da Converse, ou saindo pra fazer tour por aí, sair fazendo imagens. Você vai ter que viver de alguma coisa. Você vai ter que, ou aparecer em revistas, em TV, essas coisas, ou tentar o lado de campeonatos. Ou tentar fazer tudo, que é o ideal. Eu acho que pra você poder viver bem do skate aqui no Brasil, você tem que realmente fazer que o Gugu, a galera tá fazendo, que é tipo tentar se dar bem em eventos e, lógico, estar sempre na mídia, tentar sair nas revistas, tentar estar na mídia em geral. Porque ninguém vai viver só de manobrar. Ninguém vive só de manobrar. Você tem que aparecer, ter uma imagem, fazer vender. É isso que as marcas querem. E se você conseguir fazer isso, acho que consegue viver tranquilo.

Quais são seus principais patrocinadores hoje e quais seus planos para 2009?
Meu patrocinador aqui no Brasil, só tenho um, que é a Vextor, que começou com roupas e hoje em dia eles tão fazendo quase tudo. Mas roupa é o principal deles. E tô andando por uma marca dos EUA que se chama Positiv, só que não sei ainda, porque meu contrato já venceu e não sei se vou continuar com os caras ou não. Mas no momento são essas marcas. Tô até vendo aí se consigo arrumar algumas outras, preciso arrumar uma de tênis, pelo menos. Ou uma de shape boa. E os planos para esse ano são os mesmos. Tô indo pra China agora, com esses eventos. Vou tentar ir pra Europa também. Depois tem o Dew Tour nos EUA.

Então você vai ficar entre Brasil e EUA esse ano.
Brasil e EUA na maior parte. Da China já volto, tento ir pra Europa, se rolar ia ser legal, porque aí já dá pra participa de pelo menos dez eventos esse ano. E lógico, se rolar X Games do Brasil, se os caras me convidarem, com certeza vou participar.

Entrevista realizada pelo Sidneu Arakaki

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