Quando sentei nas ainda tranquilas arquibancadas do Sambódromo do Anhembi no sábado, para assistir ao aquecimento e, posteriormente, as eliminatórias do Oi Megarampa no gap menor e do rail, me preparei para o que conhecia sobre a competição na mega: se erra muito nesse tipo de evento, por conta da velocidade, dificuldade, vento, além do sentimento humano de auto preservação: ninguém se arrisca a voltar alguma manobra que não esteja realmente “no pé”, sob pena de sofrer consequências graves.
A grande quantidade de kneeslides muitas vezes entedia o campeonato, especialmente pra quem assiste na televisão, mas é o preço a ser pago.
Pois bem, Bob Burnquist dropou uma, duas, três vezes... e em todas, passava o gap e acertava a manobra no quarter.
E quando juntam-se as palavras “manobra” e “Bob” num mesmo período, você sabe que não se está falando de 360s ou backside airs. Enfim, quatro ou cinco drops perfeitos, acertados na íntegra.
Comecei a duvidar do que via. Nunca imaginei que fosse possível tamanha constância na megarrampa, mesmo considerando que o brasileiro dispõe de uma rampa no quintal de sua casa.
Aí veio o tão aguardado “Extremely Sorry”, da Flip, e a parte de Bob mostrou o porquê da constância. Bob acertou 10%, talvez 5% do que é capaz, durante o evento de São Paulo. Confortável nos desafios como é, abriu a caixa de Pandora diante de si mesmo. Daqui pra frente, o que vai ser cobrado dele num evento que tenha uma megarrampa?
E alguém ainda vai se propôr a enfrentá-lo?
Ok, você deve estar argumentando que ninguém nunca viu as manobras que o Koston ou Daewon Song acertam nos vídeos serem repetidas nos campeonatos, tampouco em demos. Mas posso dizer que existe a diferença de obstáculos, a necessidade de se usar uma área toda, as limitações de tempo, as variações de superfícies, alturas, inclinações.
Ainda que a megarrampa do Bob seja diferente da que se monta em São Paulo, ou nos X Games americanos, ainda assim segue-se o mesmo princípio de drop/gap/quarter, eventualmente com um rail arqueado no meio.
Ninguém sabe o dia de amanhã, a evolução é incontrolável e o vídeo da PlanB, com Danny Way, um dia sai. Mas atrevo-me a dizer que jamais alguém andará de skate numa megarrampa como Bob Burnquist. Se parecia ser um novo caminho para o skate vertical, o nome da música da parte do Bob (“The End of Beggining”) soa profético. Acho que já podem ir desparafusando a gigante e pensando num outro rumo.
texto de douglas pietro
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