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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

MEGA RAMPA

Quando sentei nas ainda tranquilas arquibancadas do Sambódromo do Anhembi no sábado, para assistir ao aquecimento e, posteriormente, as eliminatórias do Oi Megarampa no gap menor e do rail, me preparei para o que conhecia sobre a competição na mega: se erra muito nesse tipo de evento, por conta da velocidade, dificuldade, vento, além do sentimento humano de auto preservação: ninguém se arrisca a voltar alguma manobra que não esteja realmente “no pé”, sob pena de sofrer consequências graves.
A grande quantidade de kneeslides muitas vezes entedia o campeonato, especialmente pra quem assiste na televisão, mas é o preço a ser pago.
Pois bem, Bob Burnquist dropou uma, duas, três vezes... e em todas, passava o gap e acertava a manobra no quarter.
E quando juntam-se as palavras “manobra” e “Bob” num mesmo período, você sabe que não se está falando de 360s ou backside airs. Enfim, quatro ou cinco drops perfeitos, acertados na íntegra.
Comecei a duvidar do que via. Nunca imaginei que fosse possível tamanha constância na megarrampa, mesmo considerando que o brasileiro dispõe de uma rampa no quintal de sua casa.
Aí veio o tão aguardado “Extremely Sorry”, da Flip, e a parte de Bob mostrou o porquê da constância. Bob acertou 10%, talvez 5% do que é capaz, durante o evento de São Paulo. Confortável nos desafios como é, abriu a caixa de Pandora diante de si mesmo. Daqui pra frente, o que vai ser cobrado dele num evento que tenha uma megarrampa?
E alguém ainda vai se propôr a enfrentá-lo?
Ok, você deve estar argumentando que ninguém nunca viu as manobras que o Koston ou Daewon Song acertam nos vídeos serem repetidas nos campeonatos, tampouco em demos. Mas posso dizer que existe a diferença de obstáculos, a necessidade de se usar uma área toda, as limitações de tempo, as variações de superfícies, alturas, inclinações.
Ainda que a megarrampa do Bob seja diferente da que se monta em São Paulo, ou nos X Games americanos, ainda assim segue-se o mesmo princípio de drop/gap/quarter, eventualmente com um rail arqueado no meio.
Ninguém sabe o dia de amanhã, a evolução é incontrolável e o vídeo da PlanB, com Danny Way, um dia sai. Mas atrevo-me a dizer que jamais alguém andará de skate numa megarrampa como Bob Burnquist. Se parecia ser um novo caminho para o skate vertical, o nome da música da parte do Bob (“The End of Beggining”) soa profético. Acho que já podem ir desparafusando a gigante e pensando num outro rumo.

texto de douglas pietro

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